Pequena Empresa e Empreendedorismo – Eternamente Fênix

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Prefácio

“Labora a natureza sempre em favor da utilidade”. Marco Aurélio

Sempre teorizei muito sobre pequenos negócios. E me esforçava por conteúdos completos e nomenclatura. Quer dizer, passar a meus ouvintes tudo sobre administração e dar nomes a fatos, eventos ou procedimentos. Mas um pequeno incômodo indefinido me perseguia.

Percebi então que:

  1. A grande maioria de informações sobre o tema impacta pouco na eficácia da organização;
  2. Existem teorias e modelos os quais são obrigatórios ao sucesso; e
  3. Alguns modelos teóricos precisam sofrer forte adaptação.

Disso resultou o objetivo desse livro: somente o que grandemente importa, pontos obrigatórios e adaptações.

O estudo da administração de pequenos negócios está mais para as antecipações da natureza que para as interpretações, tomando-se emprestados os pensamentos de Bacon. Segundo ele2, antecipações são “a forma ordinária da razão humana”, quer dizer, quando concluímos algo a partir de poucos exemplos; e, por interpretação: “ àquela que procede da forma devida, a partir dos fatos”, o que significa maior rigor nas investigações, gerando conclusões realmente relevantes e verdadeiras. Ainda assim, falho perante o filósofo, pois minhas afirmações carecem do volume estatístico para a certeza. Quer dizer, por se tratar de uma ciência social baseada na experiência, no empirismo, normalmente extrapolam fatos que ocorreram em determinadas organizações para operar o aprendizado em outras empresas, sem a devida certeza. Olhando assim, parece que realmente estamos partindo dos fatos consubstanciados. Mas não estamos, pois tais fatos ocorrem em cenários que dificilmente se repetirão: serão ambientes diferentes, outras dinâmicas, funcionários, fornecedores, clientes e concorrentes também diferentes. Muitas extrapolações dão certo, e se deve reverência ao método que em filosofia é conhecido como “autoridade”, que é tomar como verdadeiras as informações resultantes de pesquisas anteriores para se poder avançar. O problema, em pequenos negócios, é o tempo perdido com fatores não prioritários oriundos do aprendizado em grandes organizações.

Minha doentia utilidade, a resposta para “- Isso contribui com o que?”, questionava o que passávamos para os pequenos empresários e para os alunos em formação. Isso ocorria em paralelo com meus questionamentos sobre a própria administração e suas teorias.

Foi então que identifiquei, comungando a prática da pequena empresa com a docência da matéria, que as informações disponíveis sobre o tema “administrar” eram as mesmas indiscriminadamente para as grandes organizações e para as pequenas, mas havia uma grande diferença entre quem recebia essas informações; na realidade, tem-se escrito sobre pequenas empresas para o público de grandes empresas.

Ao serem comparados livros sobre administração geral com aqueles direcionados a pequenas empresas, percebe-se que a maioria dos autores sobre pequenos negócios resume o conhecimento de administração e apenas parte de sua estrutura. Em paralelo, assuntos subjetivos da administração de pequenas empresas não são abordados, talvez pela baixa cientificidade dos mesmos. Mas na realidade existe baixa cientificidade em tudo. E a cientificidade começa da observação, da percepção, do questionamento e da provocação. Quer dizer, o método científico de abordagem aos problemas subjetivos da organização só será iniciado após um estudo exploratório inicial.

Isto posto, a literatura atual sobre o tema versa normalmente sobre definições do que é uma pequena empresa e algumas questões de Marketing, Finanças e Recursos Humanos.

É assim que deveria ser? Sim, o pequeno empresário, para ter sucesso, ou é extremamente observador, rápido e persistente, ou conhece o equivalente a todas as especialidades da administração, ou, no máximo do ambiente competitivo, soma as duas coisas.

Como a última combinação é quase impossível, chega-se à conclusão que o fenômeno da priorização é ainda mais importante ao pequeno empresário: ele deve aplicar tudo, mas priorizar elementos em cada área. Então, o que é essencial no Marketing, em Finanças, na Produção, nas estratégias, em RH e no Processo Administrativo. Outra questão fundamental é ser expert em sua área de atuação, pois todo ramo abriga uma infinidade de segredos. De fato, o autor gostaria de mostrar que a administração é possível até para as empresas realmente pequenas.

Esse foi o maior desafio deste livro: diante dessa imensidão de conhecimento, ainda pouco científico, identificar uma estrutura mínima e fundamental e o que é o mais importante em cada área.

Em relação ao Processo Administrativo (basicamente planejamento, execução e controle), acredito que nele reside a real diferença entre pequenas e grandes empresas, e procurei demonstrar isso no decorrer do livro.

Não podemos nos imiscuir dos possíveis erros, mas pedimos compreensão pela coragem das escolhas e da exposição, e sugestões, para que se continue a busca do desenvolvimento das organizações e a melhoria da qualidade de vida dos pequenos empresários.

Mario Manhães Mosso

16 de Maio de 2008.www.qualitymark.com.br