A lua ou um menino

Prefácio

O homem conseguiu ir a lua.

Se conseguimos isso, por que também não conseguimos alfabetizar em uma semana? Se imprimíssemos o mesmo esforço realizado para o homem chegar a lua na construção de um método de alfabetização, talvez não criássemos um de uma semana, mas que permitisse alguém ler em um mês.

Se alfabetizar é a coisa mais importante do mundo, será que os que alfabetizam também não podem criar uma alfabetização à distância? Ou criar uma auto-alfabetização, para aqueles que não tem nada nem ninguém? Estamos na época da alfabetização por hipertexto, jogos digitais e pedra na terra.

O ser humano fez uma televisão de papel. É, uma imagem de televisão em algo que parece papel, que podemos enrolar como uma folha. E um celular que pode ser implantado no dente (1998)? Sim, já inventaram. Então nós podemos alfabetizar em uma semana. Não só nossos analfabetos brasileiros, mas os africanos, asiáticos, taitianos, guatemaltecos. E, naturalmente, os estadunidenses, alemães e japoneses. O mundo.

Ninguém foi preso a uma alfabetização anual. A hipótese é que seria mais producente dedicarmo-nos durante, por exemplo, um mês, na alfabetização, para focar mais na integração somente depois. Com a leitura corrente, até a integração seria mais rápida. Por isso a sugestão de um método desintegrado de alfabetização, guardando a integração para a sedimentação da alfabetização. Em relação a crianças matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental, todas as disciplinas do ano da alfabetização deveriam também utilizar no primeiro mês de aula, por exemplo, o mesmo tipo (letra ou fonte) em seus livros e focando na memorização das palavras de sua respectiva disciplina, quando for o caso. É outro desafio brasileiro e até de países desenvolvidos: unificar a letra de uso para o processo de alfabetização. Sabemos que muitos discutem a validade da escrita cursiva, mas enquanto isso não se resolve, vamos pelos fatos: os países mais desenvolvidos do mundo começam pela cursiva. Não parece adequado nos unirmos às exceções.

Se as crianças aprenderem a ler e se aprenderem a gostar de ler, teremos menos violência, mais consciência ambiental e educação. Sabemos também que tudo se resume a educação, identificando educação como o ato de pensar no outro. Se pensamos no outro, não agimos com violência, não degradamos o ambiente e todo e qualquer processo da experiência de viver também é balizado pelo pensar no outro. Nem mesmo o crescimento populacional será problema. A leitura desenvolve a pessoa, mas também deve fazer parte do processo desse tipo de educação: “pensar no outro”.

A humanidade passou a mensagem: preferimos chegar na lua que salvar um menino. Ou preferimos a TV de papel ou o celular no dente. Podemos mudar isso se reconhecermos nosso erro, se mudarmos o método, se escrevermos buscando o resultado. A cada ano que passamos com preciosismos, ou examinando o que é menos importante, milhares de crianças passam pela fase de alfabetização e perdem a maior oportunidade de todas: a escolha.

Este trabalho não poderia ter a pretensão de resolver o problema. Mas sim provocar a discussão, e a realização, para que os verdadeiros experts tenham mais um aliado.

Também existem outros professores que neste momento estão oferecendo suas contribuições.

O autor. Janeiro, 2012.